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segunda-feira, 31 de outubro de 2022

A "CABINDENSE" E A "BENGUELENSE"

"A cabindense". Assim tenho tratado a borracheira colhida e levada a Luanda,  acidentalmente, quando se pensava ser uma artocarpus altilis. Era uma hóspede intrincada entre ramos da "fruta-pão.

Em Cabinda, 2021, o meu irmão Henrique Bitebe, comovido com a minha aflição e causa em obter,  de forma afoita, uma artocarpus altilis, levou-me ao internato/escola de madres, onde se acham exemplares da planta que procuro ter há já 24 anos.
Acontece que, enquanto pequenas, borracheira e artocarpus altilis se confundem. Entretanto, uma era hospedeira e outra o hóspede. Também trouxemos raízes da hospedeira que não redundaram em nova planta. A hóspede está aí, crescendo que nem loucura. Sempre que a vejo, penso no mano Henrique Bitebe.
Aliás,  no meu Libolo é assim: quando dois homens adultos firmam uma amizade indestrutível e desapaixanada (kisoko), um deles dá uma sobrinha em casamento, para que deste saiam parentes de sangue comum. É a transformação da amizade em parentesco de sangue.
Nos dias modernos, a alternativa tem sido a oferta de um animal fêmea reprodutora ou uma planta de vida perene.
Assim, a minha "mulembeira" é Henrique Bitebe, tal como a palmeira é Tino Cardona!
O Tino, jovem simpático benguelense, cuja irmandade foi selada numa formação na ENAPP, chamou-me à sua casa para me oferecer 4 bananeiras, entre de mesa e banana-pão. Uma bananeira sobreviveu ao solo poroso, desnutrido e quente do Zango, tendo me dado, já, um belo e bem-criado cacho.
Acto contínuo, capturei um rebento de dendêm da palmeira que e se acha no seu quintal. No dia da visita, levei para ele, em retribuição, uma cajá-mangueira que ele tem tratado com esmero. É pena que leva 3 a 4 anos para frutificar.
O Tino é outro que merecia, na minha tradição ancestral, dar ou receber uma sobrinha em casamento. Ainda bem que trocámos árvores frutícolas perenes!

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