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quinta-feira, 12 de novembro de 2020

sexta-feira, 4 de setembro de 2020

MEU ETERNO CAFÉ

Uma de nossas brincadeiras era ir ao terreiro e, com uma "espátula", virar o café, de modo que os grãos em baixo viessem ao contacto com o sol.

Em 1974, a minha mãe vivia com o marido (António Fernando Dambi) em Kitumbulu*, fazenda do sogro, Ngana Muryangu.

Por pouco, eu teria nascido na fazenda. Porém, a morte de meu avô materno Ngana Ngunji (Kanyanga, soberano do Kuteka**) fez com que o meu nascimento acontecesse na aldeia de Mbangu-de-Kuteka.

Até 1978 (ano da agricultura), à minha volta, em Kitumbulu, eram cafezais, mandioqueiras, bananeiras e peixe que meu pai povoara o riacho (que desagua em Kananvale).

Pero de casa ficava o terreiro, espaço onde se secava e ensacava o café até chegar o tractor que o levava para um destina (na altura desconhecido por mim).


Antes de chegar a idade escolar, fomos morar em outra fazenda, onde meu pai procurava autonomizar-se e dar luz aos filhos. Na Fazenda Israel, depois rebaptizada por Fazenda Hoji-ya-Henda, encontramos bananeiras, citrinos e ananaseiros. O café estava não muito distante, tendo-o reencontrado no Limbe (cerca de 5 Km) aonde nos mudámos e fixamos dois anos depois.

O café que tomo até hoje fez sempre parte do meu imaginário. Sempre quis ter um cafeeiro, mesmo que não lhe colha os grãos. É parte da minha existência. "Nasci" numa fazenda de café.

O meu amigo Mario Botelho De Vasconcelos ofereceu-me hoje, 04.09.2020, essas plantas, vindas de Kabuta***. Vou cuidá-las com todo o esmero, pois, um dia contarão a história da nossa existência.

Obrigado, Mário.


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* Regedoria de Kuteka, comuna de Munenga, Libolo.
** As actuais regedorias eram "Estados autônomos", semelhantes às Cidades-Estados do período helênico.

*** Comuna do município do Libolo, rica em café.


terça-feira, 25 de agosto de 2020

A ROMÃZEIRA DA CASA DA MAMÃ

Sempre achei a romã uma fruta exótica. A primeira vez que vi uma terá sido em 1977, sem que conhecesse o nome, mas retive a forma.

- Pau dele é de picos. - Dizia para mim mesmo.
No livro da primeira classe do início dos anos 80 havia uma figura de romã que me levou à primeira imagem.
Maior espanto e encanto foi criando em mim ao não encontrar romãzeira em qualquer lavra, fazenda ou casa (quintal).
No Libolo, era somente em fazendas de alemães ou nos quintais citadinos de uns poucos mulatos como o António Magalhães.
- Quando for grande também quero ter essa planta em minha casa. - Repetia, juntando à vontade a busca do primeiro exemplar.
Já em Viana, doze anos depois da virada do século, encontrei um vizinho que tinha uma no quintal. Sempre rondei as sementes mas nunca lhe bati à porta. Certo dia, um dos seus parentes colheu uma, mordeu, provou e não terá gostado tendo cuspido para fora do quintal.
Aí, a "desventura" dela foi sorte para mim. Eram três sementes intactas que meti a secar por uma semana e, cuidadosamente, semeei num vaso, tendo emergido duas plantazitas. Destas, uma chegou à arvore. Foi a primeira experiência. Já a vi carregada, mas como está em casa do meu filho, nunca cheguei a tempo de colher.
A segunda experiência foi em Windhoek, em 2018. Eu caminhava numa manhã ensolarada para Oeste, encontrando restos de uma romã caída de uma árvore. Recuperei algumas sementes que fiz secar e levar a Angola. Consegui três plantazitas que foram distribuídas entre a casa da minha mãe e a novel casota que "ganhei" da venda do Estado. Outra ficou no "Quartel General", em Viana e cresce lenta.
A terceira experiência foi durante uma viagem ao Kwanza-Sul. De regresso a Luanda, encontrei plantas à venda numa aldeia do Porto Amboim. Comprei uma por trezentos Kwanzas. Plantei-a num terreno no Zango IV.
Já plantei muitas árvores e a romãzeira já caminha para a mais redundada. Desta fruta, a primeira que colhi da árvore plantada em casa da mamã, embora me tenha traído, pois não estava suficientemente madura, estou a recolher sementes que podem dar em outras plantas.
Daqui a nada, estarei oferecendo plantazitas em vez de frutas. É isso a que chamo de "dar vida à vida"!

quarta-feira, 22 de julho de 2020

DAR VIDA À AMIZADE

No domingo, 12 de julho de 2020, o amigo Cardona ofereceu-me 4 pés de bananeiras, sendo duas de banana-pão e duas de banana de mesa.
Na minha terra, Lubolu, quando um Grande Amigo não te dá uma sobrinha para esposar, dá-te um animal de sexo feminino para reproduzir e perpectuar a vida ou uma planta de grande capacidade produtiva, vitalidade ou valor afectivo.
Levei as bananeiras que o amigo Tino Cardona me ofereceu e deixei-com ele uma cajá-mangueira.
Espero que todas sobrevivam e dêm muitos frutos.

sexta-feira, 3 de janeiro de 2020

NUNCA PARÁMOS

A minha primeira laranjeira plantada em solo firme (Dez 2018) já tem uma laranja. Eram muitas mais flores, porém conserva uma pequena laranja que cresce dia após dia.

A mangueira lançada ao solo (aqui sem enxerte) em Abril de 2017 também tem as primeiras mangas. Uma dez.
Continuamos a plantar, pois temos noção de que precisamos de contribuir para um mundo cada vez mais verde.

Ah, já me ia esquecendo dos bambus de caule fino e das batateiras. Também lançámos quiabos à terra (a quantidade é reduzida, se comparada à vez passada. Mas teremos quiabos dentro de mês e meio, assim como já temos colhido bastante "rama de batata".