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sexta-feira, 31 de dezembro de 2021

UM CUMBO NA CIDADE

Cumbo (tchumbo) é, segundo Moisés Malumbo, a menor unidade agrícola familiar entre os ovimbundu, algo também aplicável aos ambundu, cuja família etnolinguística pertenço.

Na escala ascendente, Malumbo coloca: 

a) cumbo (à volta de casa) onde se colhe a verdura imediata;

b) naka (perto à meia distância de casa) onde se cultivam hortaliças, legumes e tubérculos. Naka é equivalente à zona baixa ou sob regadio.

c) épya (à distância razoável de casa) onde se cultivam bens de consumo permanente e excedentes para permuta e/ou venda.

A mulher tem um "kadescapado" anexo ao muro da casa, onde concentrou material de construção para vedação posterior.

Vou fazer o meu cumbo (pronuncia-se tchumbô) e deleitar-me com o crecer das plantas sobrevivas. Já estou vacinado do vandalismo da vizinhança: chegam em hordas, arrancam as plantas pelo simples prazer de não deixar o vizinho ter plantas no canteiro ou ao lado de casa. Não faz mal. O bem sempre vence!

Inspirado pela irmã Maria De Lurdes Bartolomeu, cuja estufa visitei este mês, e pela tia Judith Luacute que é apaixonada pelo verde (comestível) iniciei com duas bananeiras que gemiam asfixiadas dentro do quintal por falta de sol. Hoje a horta é grande e apresenta mamoeiros, masambala (massambala), ingombo (quiabo), ananaseiros, espinafre, videira, cacaueiros, goiabeira, romãnzeira, longaneira, maracujazeiros, tamarineiro e até duas tamareiras.

Assim termina meu 2021.