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terça-feira, 18 de dezembro de 2012

É TEMPO DE CHUVA: FALEMOS DE AGRICULTURA

Há muito via, ainda na minha infância, as senhoras colocarem numa mesma “mubanga” (estaca) uma mandioqueira e feijoeiros ao lado ou gingubeira, ou ainda milho.
Nunca entendi o porquê da mistura.
 

A lavra do autor, próximo da aldeia de Pedra Escrita, Libolo
O meu parco raciocínio de então levava-me a pensar que fosse, pura e simplesmente, por uma questão de economia de espaço, tendo em conta que as culturas do milho, ginguba (amendoim) e feijão são de curta duração e sempre deixariam a mandioqueira sozinha.
Ledo engano. O feijoeiro, por exemplo, tem gotículas nas suas raízes que permitem armazenar azoto, principal “alimento” dos vegetais que é expelido em forma de oxigénio. É obvio que tal processo acaba também por alimentar a mandioqueira que está ao lado.
E já agora, você sabe o que acontece com os solos das regiões de intensa pluviosidade, escassa vegetação e solo poroso?
- Os elementos que servem de nutrientes para as culturas são arrastadas para debaixo do solo, onde não são atingidas pelas plantas, daí tornarem-se solos fracos à produção agrícola.
Aguardo a sua contribuição sobre técnicas, que conheça, de correcção de solos improdutivos.

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

O DESAFIO DO BAMBÚ

O que a imagem mostra é o que me proponho ter como resultado do esforço que começou no dia 05.11.2012.
O bambú é uma planta que me cativa desde miúdo, nas caçadas lá pelos lados do Riaha e kazondo (Rimbe, Libolo). Quis sempre ter um perto de casa mas nunca soube como.
 
A minha estada pela Lunda Sul deu-me a oportunidade de aprender como fazer para ter um broto da planta lenhosa.
Não é difícil: Basta cortar um pedaço, de mais ou menos um metro e o enterrar. Se se puder arrancar uma parte com raízes, aumenta ainda mais a possibilidade de sucesso. E foi o que fiz.
 
Havendo uma vala de drenagem de águas pluvias atrás da minha casa, em Luanda, decidi recorrer ao bambú para impedir a progressão da ravina e servir igualmente de cortina contra ventos, poeira e ruídos. O desafio começou agora, com o plantio de um pedaço de 1 metro, que espero germine e se espalhe pelo espaço traçado. E, se der certo, um outro pedaço será levado à quinta, no Libolo, para cumprir o meu sonho de garoto.
O bambú ainda pequeno
 Único problema é a necessidade de muita rega até que atinja a autossuficiência. Estando longe de casa, tenho de ligar todos os dias a perguntar se já regaram o bambú.

Começou o desafio!

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

CHUVA ANTECIPA-SE NA LUNDA SUL


Oficialmente é a 15 de Agosto que acontece a viragem d´Estação.

Porém, os fenómenos naturais não são lineares. A Lunda Sul já começou a receber chuva. Ontem, 12.08.2012, à noite, a poeira foi abafada por gotas de chuva, a mesma chuva que recomeçou agora, 18h37´de 13.08.2012.

Oxa-lá haja muita produção este ano, não só na Lunda, como em todo o país.

segunda-feira, 9 de julho de 2012

AI, AS MINHAS BANANEIRAS!

Ai, como me doi saber que minhas bananiras secaram-se todas. Quase todas com excepção de duas que ainda resistem à estiagem.
"Não há água e mesmo que tivesses feito uma barragem, também teri secado", disse-me a anciã Maria Canhanga.
Para me reconfortar disse-me que as mangueiras, os abacateiros, as larangeiras, tangjarineiras e limoeiros resistem à seca e apenas os eucaliptos foram atacados pelo salalé.
"Ficaram também só dois eucaliptos", disse comovida com minha dor.
Embora corajosa, maior terá sido a dor de minha mãe, Maria Canhanga, que vive o secar das árvores dada a falta de água que assola o Libolo.
Mas, confiante como sempre, lá veio o encorajamento.
"Quero dinheiro para mandar fazer a sacha". E, disse mais: "que queres que se faça este ano? Vamos desmatar mais terreno? Por agora os tarefeiros estão difíceis. Receiam que algo de mal aconteça nas eleições e não querem passar o dia de voto fora de casa e da família, mas depois da escolha vão aparecer pessoas vindas do sul (Centro de Angola) para trabalho".
- Respondi que sim. E assim será.
Vamos procurar ampliar o campo em mais um hectar.  

terça-feira, 26 de junho de 2012

É preciso preparar terreno

Dentro de dois meses, o mais tardar, chega a chuva com toda a sua fartura para o campo.

É chegado o tempo de preparar o campo que vai receber novas sementeiras, abrir os açudes, as valas para que a água da chuva não inunde os campos.

É preciso preparar as melhores sementes, os pesticidas, sondar os mercados e os armazéns para os produtos armazenaveis.

Embora deixando conselhos, ainda estou atrasado, por isso, parto já para a empreitada! 

sexta-feira, 25 de maio de 2012

É tempo de nakas

O frio aperta
É centro do kixibo (cacimbo)
O cieiro apresenta-se como desenhos dum artista sazonal
Mesmo assim o verdadeiro camponês não desarma
Manhã cedo,
À fogueira um tempinho,
Afugenta a preguiça e aguça a catana
Enxada ao ombro e parte
A naka aguarda por quem a desbrave
As sementes aguardam por quem as deita à terra
E lá vai ele
Friorento e Cambaleante
Também confiante na colecta que há-de-vir
É tempo de nakas
Assim é entre Julho-Agosto
(no meu Libolo)

sexta-feira, 20 de abril de 2012

ALEGRIA CAMPESTRE: SÓ A CHUVA PROPORCIONA

Depois de uma longa estiagem que afectou diversas regiões de Angola, o quarto mês do ano faz cumprir o velho adágio: "em Abril, chuvas mil".

Em Luanda, por exemplo as notícias que recebo apontam que os meus canteiros com relva e as minhas árvores frutícolas e decorativas não páram de exalar o seu verde e o seu perfume. Estão exuberantes!

No campo, na QB, mesmo sem notícias da anciã Maria Canhanga, tudo aponta para a alegria da camponesa que anunciou lá ficar para a aproveitar o perído de regadio natural.
É assim quando chove. Os camponeses e todos os amigos do verde cantam de alegria. Só uns poucos que fingem construir é que se incomodam com a chegada do maior fiscal de obras públicas.

E, este ano, teremos notícias actuais/reais (recolhidas no local) sobre o estado da QB. É que já lá vão quase dois anos que não visitamos a "sombra que me há de acolher na velhice".

sábado, 31 de março de 2012

LET´S GARDENING

GARDENING, ou JARDINAGEM em português, é dos mais praticados hobbies. Consiste em plantar, podar, regar plantas (herbáceas, arbustos), adubar, lavar, etc.
É uma actividade que requer gosto, tempo e paciência. Uma vez reunidos estes requisitos o resultado mínimo só pode ser o que a foto mostra.
Sempre que possível, vou dando vida aos meus três canteiros onde, por falta de água canalizada, a relva se vai espalhando ainda de forma preguiçosa. Felizmente, na última semana chouveu duas vezes em Luanda e lá está o resultado. A relva rastejante vai cobrindo  a extensão dos canteiros, as roseiras e outras plantas vão ganhando forma e altura. Enfim, é a alegria colectiva...

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

A tamarineira que se tornou domestica


Tão querida como se tivesse sido plantada por mim
Ela nasceu do acaso. Ou melhor, um produtor de gelados de tamarino deitou as sementes na antiga lixeira, junto à vala de de drenagem de águas pluviais. O sol e a chuva fizeram com que a semente desabrochasse num monte de lixo e capim, atrás do meu quintal. Estava ela coberta de filhotes e muitos espinhos.

Olhando para o terreno traseiro ao meu quintal, verifiquei que havia algo de útil. Comecei pela limpeza do espaço e poda daquelas árvores que nasceram ocasionalmente. Todos admiraram a sua beleza. Transplantei ainda dois eucaliptos que ladeavam o muro e reparei que o espaço deixado para a manutenção da vala era tão largo que dá agora para fazer daquele sitio um lugar com bastante sombra e optimo para repouso.

Bem vindas a tamarineira e as duas acácias surgidas em condições análogas.

E, para colorir ainda mais o verde, um novo maracujueiro e uma nova mandioqueira foram lançados à tarra, no meu quintal.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

NOVAS FRUTÍCOLAS À TERRA (NA QB)

A chuva, odeiada em Luanda devido às péssimas condições de circulação que cria, é para os agricultores uma "dádiva divina". A combinação entre chuva e sol faz germinar as sementes, brotar as estacas e traz de volta o verde aos campos.

Aproveitando este período "vital", mais árvores frutícolas serão lançadas à terra na QB. A "obreira" Maria Canhanga leva, ainda esta semana, mangueiras, laranjeiras, abacateiros entre outras plantas que estiveram a ganhar "forma" no improvisado viveiro da minha casa, em Luanda.

E, a contar com as últimas notícias recebidas da "Velha", sendo as quais "as primeiras plantas já estão a florir e a exibir as primeiras frutas", é motivo mais do que suficiente para continuarmos com a empreitada.