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segunda-feira, 18 de dezembro de 2023

É TEMPO DE CHUVA: FALEMOS DE AGRICULTURA

Há muito via, ainda na minha infância, as senhoras colocarem numa mesma “mubanga” (estaca) uma mandioqueira e feijoeiros ao lado ou gingubeira, ou ainda milho.

Nunca entendi o porquê da mistura.
O meu parco raciocínio levava-me a pensar que fosse pura e simplesmente por uma questão de economia de espaço, tendo em conta que as culturas do milho, ginguba (amendoim) e feijão são de curta duração e sempre deixariam a mandioqueira sozinha.
Ledo engano. O feijoeiro, por exemplo, tem gotículas nas suas raízes que permitem armazenar azoto, principal “alimento” dos vegetais que é expelido em forma de oxigénio. É obvio que tal processo acaba também por alimentar a mandioqueira que está ao lado.
Nos sistemas de pousio (kibembe) ou rotatividade de culturas é bom que se intercalem umas de curta e outras de longa duração, de tal sorte que umas, ao sair, (leguminosas ou de curta duração) deixem nutrientes para a cultura vindoura.
E já agora, você sabe o que acontece com os solos das regiões de intensa pluviosidade, escassa vegetação e solo poroso?
- Os elementos que servem de nutrientes para as culturas são arrastadas para debaixo do solo, onde não são atingidas pelas plantas, daí tornarem-se solos fracos à produção agrícola.
Aguardo a sua contribuição sobre técnicas, que conheça, de correcção de solos improdutivos.

Texto publicado pelo JE&F de 29.12.23

segunda-feira, 4 de dezembro de 2023

COMO TER ESPINAFRE?


O espinafre, cujo nome científico é Spinacia oleracea, tem origens antigas e acredita-se que seja nativo da Pérsia. Ele se adaptou bem a diferentes climas e solos, tornando-se cultivado em várias partes do mundo.

O espinafre prefere climas temperados a frios e solos bem drenados e ricos em nutrientes. Pode ser cultivado tanto em campo aberto quanto em estufas. É uma planta de estação mais fria, geralmente cultivada na primavera e outono em regiões de clima temperado, enquanto em climas mais quentes pode ser cultivada no inverno.
É possível cultivar espinafre em Luanda. Certifique-se de fornecer as condições adequadas, como solo bem drenado, rega regular e luz solar suficiente. Além disso, escolha variedades adaptadas ao clima local e monitore o crescimento para garantir um cultivo bem-sucedido.
Você pode obter um pé de espinafre de várias maneiras. Uma opção é comprar sementes de espinafre em lojas de jardinagem. Semeie-as em solo bem preparado, seguindo as instruções de plantio na embalagem.
Outra opção é comprar mudas de espinafre já cultivadas em viveiros ou mercados locais. Transplante as mudas para o solo ou recipientes adequados, garantindo boas condições de crescimento.
Também é possível propagar espinafre a partir de sementes de plantas maduras. Colha as sementes quando estiverem maduras e semeie-as conforme as orientações. Certifique-se de proporcionar as condições ideais para germinação e crescimento.
O espinafre também cresce por estaquia. Corte um ramo e plante.
Temos espinafres em casa, Viana, Luanda.

sexta-feira, 24 de novembro de 2023

QUANTO VIVE UM MARACUJAZEIRO?

A média de vida de um maracujazeiro pode variar, mas geralmente está na faixa de 5 a 7 anos. No entanto, factores como condições de crescimento, manejo adequado e variedade da planta podem influenciar essa estimativa.

O maracujá é originário das regiões tropicais da América do Sul. Ele é conhecido por ser uma fruta rica em nutrientes, como vitamina C, fibras e antioxidantes. Além disso, o maracujá tem propriedades calmantes devido à presença de substâncias como a passiflorina, o que pode ajudar a reduzir o estresse e melhorar o sono. A fruta também é utilizada na produção de sucos, sorvetes e geleias devido ao seu sabor característico e aroma agradável.


O maracujá oferece diversos benefícios para a saúde. É uma excelente fonte de vitamina C, que fortalece o sistema imunológico, e contém antioxidantes que ajudam a combater o estresse oxidativo. Além disso, o maracujá é rico em fibras, auxiliando na digestão e na saúde intestinal. Pode também promover a redução da pressão arterial devido à presença de compostos relaxantes. O consumo de maracujá pode ter efeitos relaxantes e auxiliar na melhoria do sono devido ao seu conteúdo de substâncias calmantes. No entanto, é importante consumi-lo com moderação, pois o excesso pode causar efeitos colaterais.

Eu tenho, em Viana (Luanda), plantas em produção.

Tenho, em Viana, essas plantas em produção.

domingo, 29 de outubro de 2023

ÊXODOS E REMINISCÊNCIAS



Nisso de êxodo, entre o campo e a cidade e vice-versa, é a cidade quem mais recebe. Há, porém, aqueles que, tendo deixado o campo, nunca o campo se acaparou deles e vão replicando na urbe exemplares do seu mundo agro-rural, fazendo de suas casas autênticos pomares.

sexta-feira, 8 de setembro de 2023

A VEZ DA JAKA

Já tive duas jaqueiras em casa, sendo que a primeira, a que se fez alta como a casa, acabou por secar quando lhe apareceram as primeiras flores. Lá vão uns seis anos desde que nos deixou sem o porque daquele "give up" quando nos preparávamos para festejar a prova das primeiras frutas.

A segunda planta, embora plantada no mesmo dia do ano de 2010, portanto, já com 13 anos, cresceu lenta. Foi vítima das brincadeiras do infante Arlindo e outros incidentes caseiros, por se encontrar na passadeira que nos leva à porta para a rua. Crsceu o Arlindo e, aos poucos, cresceu também a jaqueira que tenta, há já uns três anos, apresentar a primeira fruta. Todas as tentativas secaram e caíram sem que se fizessem frutas de facto.

Desta vez, parece que estamos prestes a provar a primeira jaca produzida no nosso quintal, em Viana. 

Quanto a bananas, aumenta o número de plantas e, com uma irrigação mais dedicada, aumenta também o tamanho dos cachos.

quarta-feira, 19 de abril de 2023

NOTÍCIAS

 
O primeiro limão do meu primeiro limoeiro (P40, Zango 5).


Uma nova romanzeira no lugar de uma goiabeira (Viana)

















O café floriu (no PIV), cresceu e amadureceu. Transporta-me aos anos de 1977 e 1978, Ano da Agricultura, em que quase não choveu. Mesmo assim cantava-se:
- Munvo uno, munvo uno
- Munvo unene
- Munvou wakukalakala
- Munvo wakudima!
E, animado, o meu avô Fernando Ndambi empenhava-se na colheita do café (em que mesmo infante participei com meu cestinho), estendendo-o no terreiro, ensacando-o e, depois, levado por um tractor para terra distante (de então).
Em Kitumbulu, o café era o nosso diamante!

quarta-feira, 4 de janeiro de 2023

A PEDOLOGIA E A AGRICULTURA

O kota André Buta, Geólogo PhD, é dos que indirectamente mais me dá "sangue" quando se trata de alimentar o meu hobby de plantar árvores e cuidar delas com recurso à ciência geológica.

Nasci numa aldeia interior e, até aos 10 anos, vi-me cercado por árvores nativas e plantadas por homens, os meus pais e parentes.
A cidade de Luanda, que encontrei em 1984, era ainda arborizada e com lavras à volta, o que fez com que, mesmo na cidade, "desconseguisse" retirar o mato de mim.
Trafegando entre Madrid e Sevilha, o meu espanto foi ver pinheiros, oliveiras e citrinos a crescerem saudavelmente por cima de pedras. Sim, isso mesmo. Pedras ou rochas.
- Kota André, já viu?
- O quê?
- As pedras e a agricultura. - Emendei.
- Pois é! O estudo e conhecimento da pedologia permitem. Basta fazer um sulco ou haver uma lâmina de terra e rega. O resto, a própria planta resolve em termos de enraizamento e sustentação.
- Assim vai me dizer que o "drilling" também é chamado na agricultura?
- Vê bem. Acima da rocha deve haver uma pequena canada que não suporta a aplicação profunda da planta. A solução, quando tal acontece, é mesmo perfurar a rocha e encaixar a planta em uma saqueta de plástico. Depois, a planta cuida de se adaptar, crescer e mandar as raízes se fixarem e buscarem o alimento aonde for possível.
- E nós, com tanta terra, tanta água e tanto sol, continuamos "preguiçosos" em plantar. Já viu, kota?!
- Pois é. Chamem os geólogos! - Fechou o capítulo da longa conversa sobre a geociência que ele bem domina.
- Vou insistir, tentando, mesmo que seja em solo arenoso/poroso e clima quente. - Falei para meus botões.
Sempre podemos alimentar a planta mesmo em terreno de elevada porosidade, em que a água arrasta para o fundo os nutrientes, deixando-a sem alimento.
Faça um sulco de 80 a 100 cm de diâmetro e igual medida em profundidade. Preencha o espaço com empréstimo (terra melhorada) ou adubo orgânico feito de restos de alimentos e terra (qualquer que seja).
Para fazer o adubo orgânico, tenha um balde de 20 litros ou outro maior, faça pequenos furos na base para drenar. Sempre que tenha restos de comida (carnes, vegetais, folhas, cereais, carnes, cascas de ovos, etc.) deite no balde e jogue uma pequena porção de terra e água, mantendo-o sempre tapado para evitar odores, se fizer este processo dentro do quintal.
Ao fim de sessenta ou noventa dias, depois de o balde estar cheio, terá a matéria orgânica decomposta e pronta para servir de nutriente às plantas. Esse composto alimentará, na proximidade, a sua planta (abacateiro, mangueira, safueiro, jaqueira, citrino, romãzeira, videira, maracujazeiro, goiabeira, figueira, nogueira, artocarpus altilis (fruta-pão), bananeira, ou ainda hortaliças como couves e repolho, etc.
Temos experimentado, há já algum tempo, com bons resultados (em Viana e Zango). Cada manga, mamão, banana ou quiabo que se colhe em casa são sempre alguns Kwanzas que se poupam, para além da alegria da criança que aprende o ciclo da planta, da estaca ou semente até à fruta.