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terça-feira, 25 de agosto de 2020

A ROMÃZEIRA DA CASA DA MAMÃ

Sempre achei a romã uma fruta exótica. A primeira vez que vi uma terá sido em 1977, sem que conhecesse o nome, mas retive a forma.

- Pau dele é de picos. - Dizia para mim mesmo.
No livro da primeira classe do início dos anos 80 havia uma figura de romã que me levou à primeira imagem.
Maior espanto e encanto foi criando em mim ao não encontrar romãzeira em qualquer lavra, fazenda ou casa (quintal).
No Libolo, era somente em fazendas de alemães ou nos quintais citadinos de uns poucos mulatos como o António Magalhães.
- Quando for grande também quero ter essa planta em minha casa. - Repetia, juntando à vontade a busca do primeiro exemplar.
Já em Viana, doze anos depois da virada do século, encontrei um vizinho que tinha uma no quintal. Sempre rondei as sementes mas nunca lhe bati à porta. Certo dia, um dos seus parentes colheu uma, mordeu, provou e não terá gostado tendo cuspido para fora do quintal.
Aí, a "desventura" dela foi sorte para mim. Eram três sementes intactas que meti a secar por uma semana e, cuidadosamente, semeei num vaso, tendo emergido duas plantazitas. Destas, uma chegou à arvore. Foi a primeira experiência. Já a vi carregada, mas como está em casa do meu filho, nunca cheguei a tempo de colher.
A segunda experiência foi em Windhoek, em 2018. Eu caminhava numa manhã ensolarada para Oeste, encontrando restos de uma romã caída de uma árvore. Recuperei algumas sementes que fiz secar e levar a Angola. Consegui três plantazitas que foram distribuídas entre a casa da minha mãe e a novel casota que "ganhei" da venda do Estado. Outra ficou no "Quartel General", em Viana e cresce lenta.
A terceira experiência foi durante uma viagem ao Kwanza-Sul. De regresso a Luanda, encontrei plantas à venda numa aldeia do Porto Amboim. Comprei uma por trezentos Kwanzas. Plantei-a num terreno no Zango IV.
Já plantei muitas árvores e a romãzeira já caminha para a mais redundada. Desta fruta, a primeira que colhi da árvore plantada em casa da mamã, embora me tenha traído, pois não estava suficientemente madura, estou a recolher sementes que podem dar em outras plantas.
Daqui a nada, estarei oferecendo plantazitas em vez de frutas. É isso a que chamo de "dar vida à vida"!