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sexta-feira, 28 de novembro de 2025

ANANÁS OU ABACAXI?

 Oiço em muitas conversas, no campo, se ananás e abacaxi são uma mesma espécie de planta ou diferentes. No Brasil, por exemplo, ananás e “abacaxi” são usados de forma intercambiável, embora o termo “abacaxi” se refira, geralmente, a variedades específicas como o Pérola e o Havaí.

Tratando-se de variedades de uma mesma espécie, aqui vão algumas diferenças e semelhanças:

Espinhos: algumas variedades de ananás têm folhas com espinhos nas bordas, o que pode dificultar o manuseio. A variedade Pérola tem folhas com menos espinhos ou sem espinhos, tornando-a mais fácil de manusear. Algumas variedades de abacaxi, como o Pérola, são conhecidas por serem mais doces e menos ácidas do que outras variedades de ananás.

Quanto à aparência, o abacaxi Pérola, por exemplo, tem uma casca mais amarelada quando maduro, enquanto outras variedades de ananás podem ter uma casca mais verde. Ambos têm uma estrutura semelhante, com uma casca externa dura e uma polpa interna suculenta. A fruta é usada na culinária em sucos, sobremesas e pratos salgados.

O ananás é rico em nutrientes. Contém vitaminas A, C, B, além de minerais como zinco, magnésio, fósforo e cálcio. A bromelina, uma enzima presente na fruta, ajuda na digestão de proteínas. Possui também uma acção anti-inflamatória, pois ajuda a reduzir inflamações e melhorar a circulação sanguínea. A vitamina C e outros antioxidantes presentes na fruta tropical proteger contra doenças cardiovasculares, promove a eliminação de líquidos, fortalece o sistema imunológico, ajuda na perda de peso e no combate às infecções.

A fruta prospera em climas quentes e húmidos, com temperaturas entre 22°C e 30°C, sendo Luanda, com o seu clima tropical, é adequada para o cultivo. A planta prefere solos arenosos ou semi-arenosos com boa drenagem e um pH ligeiramente ácido (entre 4,5 e 5,5)34. O solo semi-arenoso de Luanda é ideal para o cultivo do abacaxi/ananás.

Eis algumas das condições para uma boa produtividade

Deve ter boa drenagem para evitar problemas de podridão da planta; A precipitação ideal é a que varia entre 1.000 e 1.500 mm anuais, distribuídos de forma uniforme; a planta necessita de um equilíbrio adequado de nitrogênio, fósforo e potássio; quando possível, a irrigação por gotejamento é eficiente para manter a humidade sem encharcar o solo.

Seja ananás ou abacaxi (variedades de uma mesma espécie de planta), o importante é dar o 1° passo e fazer as coisas com carinho e dedicação. Cada fruta ou verduras colhidas são Kwanzas poupados no mercado.

sexta-feira, 7 de novembro de 2025

MEMÓRIAS DO ANO EM QUE NÃO CHOVEU

Há já bons anos, houve um ano em que (quase) não choveu. Foi o 3° ano do pós-independência. Um ano antes, traçava-se o principal objectivo do ano seguinte e, bem no discurso de fim-de-ano, baptizavam-se os nascentes 365 dias com um lema: 1978 - Ano da Agricultura. E não choveu!

Lembro-me, ainda garotinho, do sofrimento de nossas mães carregando a mandioca até às "ndungas" lá aonde houvesse sobras de água em um rio que até então fora de curso permanente. E a mandioca apodreceu debaixo da terra ressequida. Outra era colhida para consumo tinha a forma esponjosa. As mandioqueiras secaram. Kizaka não havia, tirando na kitaka (horta) aonde as mamãs acorreram, às pressas, para salvar o que era possível da sementeira e saciar a fome que é e sempre foi inclemente. Os mais velhos recorreram, rápidos, aos "livros" guardados em suas memórias. Viajaram ao ano _xis_ da sua memória e rebuscaram algumas práticas de escape utilizadas em situações homólogas e a elas incrementaram novas ideias.
Fizeram pequenos diques para aproveitar o fio d'água que restava. Foram agricultar nos vales, zonas baixas anteriormente propensas a inundações, e aproveitaram a pouca água que se acumulava durante a noite para a rega matinal.
Eventualmente soubessem, talvez não. Os vales são locais de deposição de matéria orgânica, terra fértil por natureza, proporcionando boas colheitas e abundância.
Lembro ainda do peixe, salvação nossa enquanto _conduto_. Como todos seguíamos o curso do rio e o fiozito d'água até às represas naturais e artificiais (estas últimas feitas pelo engenho criativo derivado da crise), os bagres, sobretudo, misturavam-se às mandiocas em processo de demolha na ndunga, sendo apanhados à mão enquanto se retirava a mandioca demolhada para a seca e feitura da fuba. Outros peixes encontravam conforto nas represas e eram apanhados no processo de rega, quando a água minguasse. Só a caça era farta. Os pontos em que se achasse rastilhos de água eram de encontro entre homens famintos e animais sedentos. E tudo ficava mais fácil ao caçador que, tomando medidas de segurança para não ser caçado por leões e outras feras, abatia os animais possíveis para a sua dieta. Muita carne era trocada por cereais saídos de longe. E assim nos alimentámos naquele ano em que não houve chuva (quase) nenhuma. Foi no Ano da Agricultura.
Seja em tempo de chuvas fartas ou escassas, o aproveitamento dos vales, repletos de húmus, é crucial para a obtenção de boas colheitas, assim como a construção de pequenos diques e açudes para a reserva de água que pode ser usada para a irrigação. Plantas permanentemente regadas, que não dependam da caridade dos céus, têm mais saúde e proporcionam melhores rendimentos.

Pense nisso!

Publicado pelo JE&F de 27.09.24