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segunda-feira, 15 de setembro de 2025

KIHUTU vs MBUNDI

Quem viaja pela EN120, sentido Ndondo-Kibala-Wambu, encontra, depois do Rio Longa, pessoas a venderem raízes de uma planta que os ambundu chamam "muxili" e os ovimbundu "mbundi".

A seiva desta raiz (não é tubérculo) possui propriedades adoçantes e fermentadoras, sendo usada para a fabricação de garapa, também conhecida como "wala" ou "kis(s)ângwa" e ainda para fermentar o composto destilável de que resulta a "makyakya" ou kaporroto.
Os aldeões põem-se no sertão em buca do arbusto e escavam as suas raízes que usam no seu dia a dia ou para comercializar aos que, tendo abandonado as zonas rurais, não se desfizeram dos hábitos alimentares e das memórias do seu tempo.
Surgem aqui os menos atentos que podem confundir o arbusto cujas raízes é o conhecido "mbundi" ou "muxili" e o "kihutu", possuindo, ambas, folhagens muito parecidas.
O "kihuto" não é mais do que "feijão-maluco" que, quando as folhas secam, pode dar uma dolorosa comichão a quem nelas se encoste.
O "kihutu" foi nossa tortura involuntária nos tempos de infância, sempre que fôssemos à caça de "kambwiji", lebres e pequenos antílopes. A pressa em vigiar e apanhar os animais que fugiam das queimadas, o fumo do capim acabado de arder e a desatenção faziam com que algumas vezes passássemos em território "minado" por este vegetal, resultando em uma comichão e coceira de caçar pulgas.
Se estiveres à procura de "mbundi" ou "muxili", raízes cuja seiva se adiciona ao rolão ou outros componentes para a produção da saborosa kisângwa, tome cuidado! Pode pôr a mão em "kihutu", o feijão-maluco, e sair daí endoidecido de dor. Procure sempre por um mais velho residente permanente e conhecedor da planta. Nunca vá sozinho à mata à procura de qualquer coisa que seja.
Umona akwambila s'ovita!¹
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1- Uma criança deve acatar conselhos!
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Publicado pelo JE&F a 13 de Setembro de 2024

segunda-feira, 1 de setembro de 2025

O GERGELIM

Nos meus tempos de infância no Lubolu, havia sempre nas lavras uma porção de terra em que, a par da jinguba (amendoim) se semeava o luketo (gergelim) que era colhido no momento certo, e as “cápsulas” contendo as sementinhas eram estendidas por cima de uma chama metálica ou de uma lona, expostos ao sol e em local de fraca ventania. Tal permitia que os invólucros se abrissem e as sementinhas não fossem arrastadas pelo vento. A mwamba (pasta de gergelim torrado e triturado) fazia o papel de óleo vegetal na carne seca e em outros condutos. O gergelim podia igualmente ser comido a solo, como se faz com a jinguba ou o girassol. Ultimamente, tem sido raro encontrar no Lubolu plantações de gergelim, seja em grandes ou pequenas extensões como acontecia nos anos oitenta do século XX.

Todavia, tenho observado alguns mais velhos a consumirem o gergelim como aperitivo. Há quem o trate de “recarga” energética. Também conhecido como sésamo, o gergelim é uma planta oleaginosa da família Pedaliaceae. Acredita-se que seja nativa do nordeste de África e da Ásia.

Ela desenvolve-se melhor em climas tropicais e subtropicais, com temperaturas médias entre 25°C e 30°C. A planta é resistente à seca e prefere solos profundos, bem drenados e férteis, com pH próximo da neutralidade (em torno de 7). Solos muito argilosos ou salinos devem ser evitados para que se tenha uma boa colheita.

O gergelim é altamente nutritivo e oferece diversos benefícios para a saúde, a saber:

Redução do colesterol: contém fibras e compostos que ajudam a reduzir o colesterol LDL e aumentar o HDL.

Controle da pressão arterial: rico em ácidos graxos poli-insaturados e antioxidantes.

Combate à prisão de ventre: as fibras presentes no gergelim ajudam na digestão.

Auxílio na perda de peso: aumenta a saciedade devido ao seu alto teor de proteínas e fibras.

Alívio da artrite: possui propriedades anti-inflamatórias.

Cicatrização de feridas: o óleo de gergelim tem propriedades antioxidantes.

Prevenção do câncer: contém antioxidantes que ajudam a prevenir o desenvolvimento de câncer.

Luanda possui um clima tropical, o que é favorável ao cultivo de gergelim. A planta pode adaptar-se bem às condições locais, desde que sejam seguidas as práticas adequadas de manejo do solo e irrigação. Para garantir uma boa produtividade do gergelim é importante certificar-se de que o solo esteja bem drenado e fértil; embora o gergelim seja resistente à seca, a irrigação adequada durante os períodos críticos de crescimento pode aumentar a produtividade; a plantação deve ser monitorada regularmente para evitar infestações e a colheita deve ser feita no momento certo para evitar a perda de sementes. Com esses cuidados, é possível obter uma boa colheita de gergelim em Luanda. Você já pensou em iniciar uma plantação de gergelim?